A explosão de sentimentos que é Lady Wood

quarta-feira, novembro 02, 2016

A explosão de sentimentos que é "Lady Wood"
Capa do álbum Lady Wood
Todos aqui sabem o tanto que admiro essa artista incrível que é Tove Lo. Eu me apaixonei totalmente por ela, após escutar a música que se tornou mundialmente famosa: Habits, em meados de novembro de 2014. Tove mal sabia que a sua música de coração partido, mudaria sua vida para sempre. Desde então, a cantora sueca não para de surpreender, e dessa vez, não foi diferente. 

Dia 28 de outubro (véspera de seu aniversário), Tove lançou seu segundo e muito aguardado álbum de estúdio intitulado "Lady Wood". O álbum basicamente aborda temas como a sexualidade, a busca por prazer, excitação e emoção e as relações amorosas. E podemos perceber isso nas letras das músicas, como em True Disaster, onde Lo canta: "Keep playing my heart strings faster and faster, you can be just what I want, my true disaster", que em sua tradução livre se aproxima de algo como: "Continue tocando as cordas do meu coração cada vez mais rápido, você pode ser o que eu quero, meu verdadeiro desastre". Nessa música em particular, podemos ver por exemplo, o medo da entrega, em que Tove se vê fragilizada, com seu coração nas mãos de uma pessoa, porém com medo, pois ela sabe que aquela pessoa pode ser seu "verdadeiro desastre", ou seja, talvez aquela que vá machucá-la.  


Isso é mais uma vez provado durante o monólogo de Cool Girl, onde Tove diz: "Pain and pleasure go hand in hand, they say. But no one mentions that pain is really just a path to more pleasure, no more fear you know?", que em tradução livre significa: "Dor e prazer andam de mãos dadas, eles dizem. Mas ninguém menciona que a dor é realmente apenas um caminho para mais prazer, não há mais medo sabe?". Nesse pequeno trecho, podemos perceber um pouco da mensagem que Tove deseja passar, que em minha visão, é a de que o amor e o sexo são prazeres doloridos. Prazeres que te trazem dor. E que nós nos tornamos dependentes deles, mesmo que esses nos machuquem. Talvez nos tornemos dependentes deles, até mesmo pelo fato deles nos machucarem. E que ficamos tão hipnotizados e consumidos pela dor que eles nos causam, que acabamos perdendo o medo.
Então, vejo um resumo nessa frase, da questão de correr atrás de amores e dores. Amor, sexo e dor andam juntos e nos tornam dependentes deles. Vejo também a questão da procura da dor, como forma de sanar outras dores. Vejo a necessidade de correr atrás de dor e prazer expressadas nessa frase e em todas as músicas do álbum.
Foto promocional do álbum Lady Wood
Lady Wood não foge muito do "padrão Tove", onde temos músicas com letras um pouco melancólicas, carnais e verdadeiras. É também onde vemos que a cantora despeja seus sentimentos, experiências e alma em suas músicas. Acho pouco provável encontrar alguém que não se identifique com suas letras. Todos nós já vivemos, presenciamos ou conhecemos alguém que já viveu ou presenciou experiências como as relatas nas músicas de seus dois álbuns de estúdio. Em Queen Of The Clouds (primeiro álbum de estúdio da cantora), podemos perceber a questão do medo do amor, do tanto que ele lhe faz bem, e ao mesmo tempo mal, do tanto que ele pode te hipnotizar e seduzir, e ao mesmo tempo acabar com você. E podemos encontrar a mesma coisa no segundo álbum, porém com uma dose maior de sexo, nudez, veracidade, tensão, maturidade e sensibilidade. Lady Wood traz o amor como algo mais carnal, necessário, maduro e reinventado. Ele retrata justamente o prazer na busca por aventuras, principalmente amorosas, por amores passageiros e doloridos, e no tanto que isso é bom e assustador ao mesmo tempo, pois é algo que te faz sentir vivo, mas que é extremamente perigoso e assustador. E isso é provado em seu curta-metragem intitulado Fairy Dust, que retrata o primeiro capítulo do álbum. Nele podemos ver a representação de tudo isso, onde Tove se envolve em uma relação amorosa com uma garota, vive experiências boas e perturbadoras com ela, e depois acaba terminando sozinha. 

Foto promocional de Lady Wood
Sim, Lady Wood é dividido em 2 capítulos: Fairy Dust e Fire Fade e é a primeira parte de 2 álbuns (o terceiro álbum de estúdio de Tove, será a continuação de Lady Wood). No primeiro capítulo Tove retrata justamente a questão da busca pelo prazer, pela excitação, e a necessidade de distanciamento disso tudo por medo, o que notamos claramente nas músicas Influence, Lady Wood, Cool Girl e Vibes
Essa é outra característica de Tove. Podemos ver uma prévia disso em Queen Of The Clouds, onde ela cria monólogos e prólogos narrativos no álbum. Algo que eu particularmente acho incrível e único, pois são poucos artistas que utilizam esse recurso maravilhoso e o sabem utilizar bem. 
                

Lady Wood é claramente um álbum feminista. É um álbum que veio para colocar as mulheres como uma figura poderosa, para fazê-las ter certeza do quão boas e fortes são. Veio par mostrar que elas são tão boas quanto os homens. Não são inferiores, nem superiores a eles, mas apenas, iguais. 

Como Tove disse em uma entrevista recente, Lady Wood trata justamente das mulheres, do tesão, do sexo e do órgão genital feminino (inclusive a letra "o" da logomarca da capa do álbum, faz uma referência ao órgão). Com o álbum, Tove tenta mostrar que as mulheres são fortes e poderosas e não dependem de ninguém, além de que, o órgão genital feminino é tão poderoso e importante quanto o masculino, e que as mulheres não devem ser inferiorizadas. Além disso, Lo mostra que assuntos como o sexo, não devem ser tratados como um tabu, mas sim como algo natural, e que o orgasmo feminino é importante. Lady Wood é definitivamente um álbum poderoso, feito por uma mulher poderosa, para mulheres poderosas. 

Foto promocional do álbum Lady Wood.
Quanto à parte técnica, todas as músicas possuem batidas de electro pop muito gostosas, bem arranjadas e definidas. Uma mistura incrível de synths, teclados e vocais que encaixaram muito bem. Em minha opinião, o álbum foi muito bem produzido, não deixando a desejar, exceto pelo fato de que algumas músicas poderiam ter sido produzidas com menos técnica e terem se estendido mais. Em algumas faixas, notamos a presença de muita sincronia técnica entre batidas, voz e teclados, o que não é ruim, mas que deixa o álbum menos natural e mais técnico. Podemos dizer que Tove traz um pop do qual sentíamos muita falta desde a mudança de Britney Spears na cena musical. Tove Lo traz um pop tradicional, mas com uma pitada de reinvento. Um pop muito gostoso de se ouvir. É um pop novo, sensacional, revigorante e vibrante. 

Com certeza Lady Wood vale a escuta e veio para ficar. E preparem-se para ouvir muito ainda sobre Tove e esse álbum incrível. Lo provou mais uma vez que sabe fazer músicas que mexem com nosso psicológico, pois nos identificamos muito com tudo que é retratado em suas letras, além das melodias com batidas que não saem de nossas cabeças. Agora só resta esperar para a segunda parte do álbum (que deverá ser lançada em 2017), que promete ser tão boa quanto a primeira, e quiçá, ainda melhor! Pode vir com tudo Tove! Enquanto isso, vamos escutar bastante Lady Wood na balada!

Nota Geral: 7,5/10

Escrito por Ana Elisa Renault. 

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